A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou nesta terça-feira (18) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado em 2022. Bolsonaro é acusado de cinco crimes: organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
A investigação da PGR aponta que Bolsonaro liderou um grupo organizado para tentar permanecer no poder após sua derrota para Lula nas eleições de 2022. Essa é a primeira vez que um ex-presidente da República é formalmente denunciado por tentativa de atacar o Estado democrático de Direito.
As denúncias foram divididas em cinco peças para otimizar o andamento dos processos. Bolsonaro foi denunciado junto com os ex-ministros Braga Netto (Casa Civil), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Anderson Torres (Justiça) e Augusto Heleno (GSI), além do ex-diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem e do ex-comandante da Marinha Almir Garnier.
A PGR afirma que o grupo tentou articular uma ruptura democrática com apoio de setores militares, mas falhou devido à recusa dos então comandantes do Exército e da Aeronáutica em aderir ao plano.
Depoimentos e evidências
Os ex-comandantes do Exército, general Freire Gomes, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos Baptista Júnior, prestaram depoimentos afirmando que Bolsonaro discutiu com eles a possibilidade de um golpe de Estado. Ambos se recusaram a participar.
A investigação também revelou que o ex-presidente se reuniu com o general Estevam Theóphilo, então comandante do Comando de Operações Terrestres, em 28 de novembro de 2022. Segundo a PGR, Theóphilo aceitou a proposta golpista de Bolsonaro.
Além disso, documentos da Abin mostram que Ramagem assessorava Bolsonaro, ajudando a produzir discursos com fake news sobre fraudes nas eleições. A agência também teria disseminado desinformação e preparado dossiês para atacar o sistema eleitoral.
Plano de pressão e interferência
A PGR destaca que houve tentativa de interferência na Polícia Federal. O então ministro do GSI, Augusto Heleno, e Alexandre Ramagem sugeriram a Bolsonaro a edição de pareceres para impedir que a PF cumprisse ordens do STF. Para os procuradores, essas ações confirmam que os ataques ao sistema eleitoral foram orquestrados.
General ligado a plano de assassinato de Lula
A investigação também apontou que o general da reserva Mário Fernandes, preso desde novembro de 2023, tinha um HD com planos detalhados para assassinar Lula, Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Trocas de mensagens entre ele e Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, indicam que o general manteve contato com o ex-presidente após a derrota eleitoral.
Em mensagem para Cid, Fernandes disse que se encontrou com Bolsonaro no dia 8 de dezembro de 2022 e ouviu dele que a diplomação de Lula "não seria uma restrição" para uma possível ação golpista. O general também afirmou ter contato direto com manifestantes do agronegócio e caminhoneiros, que protagonizaram protestos em frente aos quartéis.
Próximos passos
A denúncia será analisada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Desde 2023, casos criminais passaram a ser julgados diretamente nas Turmas do STF, o que pode acelerar o processo.
Lista dos denunciados pela PGR:
- Ailton Gonçalves Moraes Barros
- Alexandre Rodrigues Ramagem
- Almir Garnier Santos
- Anderson Gustavo Torres
- Ângelo Martins Denicoli
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira
- Bernardo Romão Correa Netto
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
- Cleverson Ney Magalhães
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
- Fabrício Moreira de Bastos
- Filipe Garcia Martins Pereira
- Fernando de Sousa Oliveira
- Giancarlo Gomes Rodrigues
- Guilherme Marques de Almeida
- Hélio Ferrreira Lima
- Jair Messias Bolsonaro
- Marcelo Araújo Bormevet
- Marcelo Costa Câmara
- Márcio Nunes de Resende Júnior
- Mario Fernandes
- Marília Ferreira de Alencar
- Mauro César Barbosa Cid
- Nilton Diniz Rodrigues
- Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
- Rafael Martins de Oliveira
- Reginaldo Vieira de Abreu
- Rodrigo Bezerra de Azevedo
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
- Silvinei Vasques
- Walter Souza Braga Netto
- Wladimir Matos Soares
O caso segue em andamento e pode resultar em prisões caso as acusações sejam aceitas pela Justiça.
Fonte: MS Todo Dia
Foto: Andressa Anholete/Getty Images
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