Após 20 anos de esforços, MS é reconhecido como área livre de febre aftosa sem vacinação

Anúncio foi feito em Paris; novo status abre mercados internacionais e impulsiona agroindústria do Estado

Imagem de compartilhamento para o artigo Após 20 anos de esforços, MS é reconhecido como área livre de febre aftosa sem vacinação da MS Todo dia

Compartilhe:

Ícone Compartilhar no Whatsapp Ícone Compartilhar no Twitter Ícone Compartilhar por e-mail

Após duas décadas de trabalho contínuo, Mato Grosso do Sul alcançou nesta quinta-feira (29) um marco histórico: o reconhecimento oficial como área livre de febre aftosa sem vacinação. O anúncio foi feito durante a 92ª Sessão Geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), realizada em Paris, na França, às 11h20 no horário local (5h20 no horário de MS).

O reconhecimento internacional foi acompanhado por uma comitiva do Governo do Estado, liderada pelo secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck. Estavam presentes também o secretário-executivo de Desenvolvimento Sustentável, Rogério Beretta, o diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold, além de equipe técnica.

A cerimônia também contou com a participação da senadora Tereza Cristina (PP-MS), do presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, e do deputado estadual Paulo Corrêa, representando a Assembleia Legislativa.

"É um passo importante para o Estado e histórico. Foram mais de R$ 250 milhões investidos na Iagro em pessoal, equipamentos e inteligência. Hoje, temos uma das agências mais modernas do Brasil, com total rastreabilidade e controle do trânsito animal", destacou o governador Eduardo Riedel.

O governador também ressaltou que o novo status abre mercados mais exigentes para a carne bovina e suína produzidas no Estado. "Isso gera mais emprego, atrai investimentos, agrega valor aos nossos produtos. Foram 20 anos para alcançar esse resultado", completou.

Processo de certificação e investimentos

O caminho até o reconhecimento incluiu a restituição do status sanitário, a estruturação da vigilância sanitária, a implantação de um programa de fiscalização em divisas e fronteiras, a implementação de um plano de comunicação, investimentos em infraestrutura tecnológica e contratação de pessoal qualificado.

Segundo o diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold, a agência estadual teve papel decisivo em todas as etapas do processo, como vigilância epidemiológica, controle de doenças, fiscalização e certificação sanitária.

“Coletamos mais de 8 mil amostras de bovinos, contratamos mais de 50 novos fiscais agropecuários e ampliamos nossa capacidade técnica. Essa conquista coroa anos de trabalho coordenado com o Ministério da Agricultura e com o PNEFA”, afirmou Ingold, referindo-se ao Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa.

Já o secretário Jaime Verruck destacou que o momento marca uma nova fase para o agronegócio sul-mato-grossense. “Desde 2005, com a reintrodução do vírus, estruturamos equipes, reforçamos unidades de fiscalização e suspendemos a vacinação. Cumprimos todos os protocolos internacionais e, agora, abrimos portas para mercados mais sofisticados e valorizados”, disse.

Resultados e impactos econômicos

Com o novo status, Mato Grosso do Sul passa a ter acesso a mercados antes restritos, como o Japão, considerado um dos mais exigentes do mundo. Isso beneficia tanto a bovinocultura quanto a suinocultura, segundo o Governo do Estado.

Em 2024, o Estado exportou cerca de US$ 1,278 bilhão em carne bovina, totalizando 282,21 mil toneladas. Os principais destinos foram China, Estados Unidos e Chile, responsáveis por 57,18% do valor exportado. Nos primeiros quatro meses de 2025, as exportações já somam US$ 510 milhões, com destaque novamente para os mesmos países.

No cenário nacional, Mato Grosso do Sul representou 9,97% do valor e 9,82% do volume exportado em 2024. Nos primeiros meses de 2025, esses números subiram para 11,26% e 11,23%, respectivamente.

Ações estratégicas da Iagro

Para garantir a sanidade animal e alcançar o reconhecimento, a Iagro investiu R$ 243 milhões em diversas frentes:

  • Renovação da frota: R$ 22,4 milhões na compra de 107 camionetes para reforçar a atuação em campo.
  • Modernização tecnológica: mais de R$ 65 milhões no sistema eSaniagro, com avanços em digitalização, rastreabilidade e integração de dados.
  • Valorização de pessoal: R$ 543 milhões em salários e encargos de 2018 a 2024, com contratação de 52 novos fiscais agropecuários.
  • Criação da Sala de Controle e Operações: investimento de R$ 736 mil para modernizar a inteligência operacional, com monitoramento em tempo real.

Além de Mato Grosso do Sul, outros 20 estados brasileiros e o Distrito Federal também receberam o status durante o evento da OMSA. Até então, apenas Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia, e partes do Amazonas e do Mato Grosso detinham esse reconhecimento.

Fonte: MS Todo Dia

Você também pode gostar de ler