Crianças travam guerra de papelão em Paranaíba por chance de conhecer Ana Castela

Com apoio das famílias, estudantes chegam a recolher quase uma tonelada de papelão em disputa por único ingresso para o camarim ecológico da cantora

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A estudante Anny Gabrielly, de 8 anos, é uma das protagonistas da verdadeira “guerra de papelão” que tomou conta das escolas municipais de Paranaíba, após o anúncio de uma campanha feita pelo prefeito Maycol Queiróz (PSDB). O desafio promete um único ingresso para o “camarim ecológico” da cantora sul-mato-grossense Ana Castela, atração principal da festa de aniversário da cidade, marcada para o dia 3 de julho.

Desde que o prefeito anunciou, em julho, que a maior arrecadação de papelão entre as escolas da rede municipal daria direito a uma criança conhecer a cantora, a rotina das famílias mudou. Pais, mães, irmãos e até avós se uniram às crianças na coleta de caixas pelas ruas, com caminhões e carros abarrotados de papelão.

“Ela começou a chorar quando começou a competição. Queria muito tirar uma foto com a Ana. Deu até febre. Parei de trabalhar pra isso e fui juntar papelão na rua”, contou a mãe de Anny, Ana Paula Alves da Silva, de 33 anos. A menina arrecadou mais de 830 quilos de papelão, mas perdeu a liderança para uma colega que conseguiu juntar 929 quilos.

A disputa gerou tanta comoção que Ana Paula precisou contratar um caminhão para transportar o material. “A gente pega o papelão das 6h da manhã até 2h da madrugada. Pensei em desistir, mas não desisti pela força de vontade dela. Não compensou, mas o que vale é o sorriso da criança”, desabafou.

Do outro lado da competição está Maria Júllya Lopes Marinho, de 9 anos, atualmente em primeiro lugar. Sua mãe, Leticia Lopes dos Santos Marinho, relata que a campanha virou uma missão familiar, ainda mais delicada diante de uma recente perda. “Ela perdeu a irmãzinha há quase dois meses. Tivemos a ideia de juntar os papelões pra tentar trazer um pouco de felicidade. Fomos até Aparecida do Taboado buscar papelão que o avô dela juntou.”

Atualmente, 15 escolas participam da campanha, incluindo os Centros de Educação Infantil (Ceinfs). Só a Escola Municipal Liduvina Motta Camargo, onde estudam Anny e Maria Júllya, arrecadou quase 4 toneladas de papelão. A disputa entre as duas estudantes mobilizou toda a comunidade escolar. A diretora da unidade, Naubia de Souza Machado, confirmou que precisou colocar fiscais para manter o controle da pesagem. “A gente está tentando conversar com o prefeito para que leve pelo menos duas escolas. É surreal. Não para de chegar caminhão na escola.”

A última pesagem acontecerá na segunda-feira (1º). Após o encerramento da coleta, será feita uma ata com o resultado oficial. “Estou torcendo bastante pelas duas. A mobilização foi enorme, acho que a Ana tinha que atender essas crianças”, disse a diretora.

Nas redes sociais, o assunto também ganhou força. Pais e familiares relatam noites mal dormidas, ansiedade e até crises de choro das crianças envolvidas na campanha. “Minha irmãzinha não está nem dormindo direito, quer ficar pegando caixa toda hora. E outra coisa: se preparem para o chororô das que não ganharem”, escreveu uma internauta.

Ana Castela, que custou R$ 800 mil aos cofres públicos para se apresentar na cidade, sobe ao palco no dia 3 de julho. Segundo o prefeito Maycol Queiróz, a contratação da cantora foi feita “apenas pelas crianças”, apesar de seu descontentamento pessoal com a escolha. A repercussão da campanha surpreendeu até a própria prefeitura, que agora enfrenta o desafio de lidar com a grande comoção causada por uma única vaga no camarim.
 

 Fonte: MS Todo Dia

Foto: Reprodução/CGNews

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