Ex-prefeito de Coronel Sapucaia terá que devolver R$ 4,4 milhões por desvios em esquema de servidores antasmas

Eurico Mariano, já condenado pelo assassinato de um radialista, é alvo de nova ação por improbidade administrativa

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O ex-prefeito de Coronel Sapucaia, Eurico Mariano, de 73 anos, tem 15 dias para devolver mais de R$ 4,4 milhões aos cofres públicos do município, uma quantia que seria proveniente de um elaborado esquema de desvio de verbas durante sua gestão, entre 2001 e 2004. A trama envolvia o pagamento de salários a servidores fantasmas — funcionários que nunca trabalharam ou sequer existiram, conforme notícia publicada pelo Mídiamax.

A decisão judicial, emitida em 19 de agosto, intima Mariano a pagar a quantia atualizada, sob pena de a dívida ser acrescida de multa e honorários advocatícios. O valor original desviado, segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), era de cerca de R$ 362 mil, mas foi corrigido para R$ 4.455.767,17.

O esquema e a delação premiada
 

O plano de desvio, que durou pelo menos um ano, consistia em incluir nomes de pessoas fictícias ou que não eram funcionários públicos na folha de pagamento. Os cheques correspondentes a esses salários eram emitidos e entregues diretamente a Eurico Mariano e a outros membros de sua gestão, como o ex-chefe de gabinete Jairo Fontoura Corrêa, a ex-secretária de Educação Elodya Cavanha Recalde de Mora e ex-servidores de Recursos Humanos e Finanças.

A investigação do MPMS aponta que o esquema só foi desmantelado após um desentendimento interno entre os envolvidos. O ex-prefeito, ao perceber que a trama seria descoberta, tentou culpar dois de seus cúmplices: Raquel de Souza Nunes e Orlando Lenz Júnior. Mariano teria, inclusive, tentado subornar Raquel, prometendo-lhe uma candidatura a vereadora e o cargo de secretária de Educação se ela incriminasse apenas Orlando.

Contrariando a proposta, Raquel e Orlando optaram por fazer uma delação premiada, detalhando como o dinheiro era desviado. Eles revelaram que os cheques eram preenchidos em nome de pessoas que não eram servidores e, em seguida, repassados para o grupo que orquestrava o crime.

Uma vida de polêmicas e fugas
 

A ordem de devolução dos valores adiciona mais um capítulo à conturbada trajetória de Eurico Mariano. O ex-prefeito já é conhecido por um crime muito mais grave: o assassinato, em 2004, do radialista paraguaio Samuel Román, que criticava sua administração. Román foi fuzilado com 11 tiros. A polícia concluiu que o crime foi cometido por pistoleiros contratados por Mariano.

Condenado a 17 anos de prisão pelo homicídio, Eurico Mariano fugiu para o Paraguai, onde possui propriedades rurais na região de fronteira. Ele foi preso somente em 2019 e deportado para o Brasil para começar a cumprir sua pena. A reportagem do Jornal tentou entrar em contato com o ex-prefeito, mas não obteve sucesso.

Fonte: MS Todo Dia
Foto: Divulgação PF


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