Produção agrícola de MS cai 30% em 2024 e interrompe ciclo de sete anos de crescimento

Queda na soja e no milho, agravada pelo El Niño e pela desvalorização das commodities, reduziu receita estadual para R$ 35,7 bilhões

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Pela primeira vez em sete anos, Mato Grosso do Sul registrou retração no valor de sua produção agrícola. Dados da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) 2024, divulgada pelo IBGE, apontam que a receita do estado somou R$ 35,7 bilhões, uma queda de 30,7% em relação a 2023, quando havia alcançado R$ 51,5 bilhões.

A redução acompanha a queda generalizada na produção de grãos e a desvalorização das principais commodities agrícolas, sobretudo soja e milho, responsáveis pela maior parte da renda no campo sul-mato-grossense. Problemas climáticos provocados pelo fenômeno El Niño e a baixa nos preços internacionais impactaram diretamente a safra e a rentabilidade dos produtores.

Segundo o supervisor da pesquisa, Winicius Wagner, a estiagem prolongada e as chuvas irregulares causadas pelo El Niño afetaram fortemente as lavouras de verão. “O fenômeno prejudicou as culturas de verão em 2024. Ele causou uma estiagem prolongada severa em regiões como Centro-norte, Sudeste e parte do Paraná”, afirmou.

A soja sofreu a maior perda: a produção caiu 20,4%, chegando a 11,3 milhões de toneladas, enquanto o valor da produção despencou 43,4%, para R$ 19,2 bilhões. Com isso, o estado perdeu uma posição no ranking nacional e passou ao 5º lugar, com 7,8% da produção brasileira, atrás de Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.

O milho também registrou queda expressiva, com redução de mais de 40% na produção estadual em apenas um ano. A retração contribuiu de forma decisiva para a perda da receita agrícola sul-mato-grossense.

A área plantada ou destinada à colheita encolheu para 7,2 milhões de hectares, redução de 0,5% em relação a 2023. Apenas soja (4,1%), cana-de-açúcar (1,8%) e mandioca (6,7%) ampliaram área, enquanto sorgo (-35%), milho (-7,5%) e trigo (-9%) recuaram.

Apesar das perdas, algumas culturas e municípios se destacaram. Maracaju segue como o maior em área plantada, com 590 mil hectares, seguido por Ponta Porã (561 mil) e Sidrolândia (464 mil). Nova Alvorada do Sul consolidou-se como o segundo maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil. O estado também subiu duas posições no ranking do algodão, tornando-se o 3º maior produtor nacional. Já o feijão caiu 29,3%, enquanto a mandioca manteve estabilidade, garantindo ao estado a quarta colocação no país.

A retração interrompe o ciclo de crescimento contínuo iniciado em 2017 e acende um sinal de alerta para o agronegócio sul-mato-grossense, considerado motor da economia estadual. A queda simultânea de produtividade e preços expõe a vulnerabilidade do setor às oscilações climáticas e de mercado. Especialistas defendem maior investimento em tecnologias de mitigação climática, irrigação, seguro agrícola e diversificação de culturas, como forma de reduzir riscos e garantir estabilidade da renda no campo.

Fonte: MS Todo Dia

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