Prefeitura de Chapadão do Sul gasta quase R$ 700 mil com show de Léo Santana enquanto faltam médicos na rede municipal

Contrato milionário assinado por Walter Schlatter levanta polêmica: população critica luxo em meio à crise na saúde pública

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Chapadão do Sul, cidade do interior de Mato Grosso do Sul com 34.606 habitantes, segundo o censo atualizado de 1º de julho de 2025, voltou a ser assunto nas rodas de conversa e nas redes sociais. O motivo? Um contrato que promete levantar poeira — e não apenas no palco da festa de aniversário da cidade.

A Prefeitura, sob gestão do prefeito Walter Schlatter, assinou no dia 24 de setembro de 2025 um contrato de R$ 689 mil com a empresa Salvador Produções Artísticas e Entretenimentos Ltda. para trazer o cantor Léo Santana ao show comemorativo dos 38 anos do município, marcado para o dia 24 de outubro.

O documento, obtido pelo Jornal MS Todo Dia, revela que o pagamento será dividido em duas partes — metade na assinatura e a outra metade no dia da apresentação —, conforme previsto pela Lei nº 14.133/2021, que permite esse tipo de contratação por inexigibilidade.

Além do cachê, o valor inclui transporte, hospedagem, alimentação e estrutura técnica para o show. Tudo pago com recursos públicos.

Até aí, poderia ser apenas mais um evento festivo de aniversário. Mas o que tem provocado debate — e indignação — é o contraste entre o investimento em diversão e a realidade amarga dos moradores, que enfrentam falta de médicos, demora em consultas e escassez de especialistas nos postos de saúde.

“É revoltante. A gente espera meses por um exame e a prefeitura resolve pagar quase 700 mil pra um show. Parece piada”, disse uma moradora que preferiu não se identificar.

Outra moradora resumiu com ironia: “Aqui a fila do posto é maior que a fila pra ver o Léo Santana.”

O contrato está vinculado à Secretaria Municipal de Educação e Cultura, dentro da dotação orçamentária de R$ 1,5 milhão destinada a festas e eventos oficiais. Nada ilegal — mas, segundo moradores, profundamente imoral diante do cenário da saúde pública.

Nas redes sociais, os comentários não poupam a administração municipal. Há quem diga que Chapadão virou palco antes de ser hospital. Outros questionam: “Será que o show cura dor de cabeça ou falta de pediatra?”

O prefeito, conhecido por apoiar grandes festas e eventos, ainda não se manifestou publicamente sobre as críticas. No entanto, a população cobra coerência e priorização de políticas básicas — principalmente na saúde, que há meses sofre com a saída de médicos e o aumento da demanda por atendimento.

No fim, a sensação é de que Chapadão do Sul vive dois mundos: o do palco iluminado para o show, e o das salas de espera às escuras, onde a população ainda aguarda por um médico.

“Enquanto uns dançam ao som de Léo Santana, outros seguem esperando uma consulta que nunca chega.”

A reportagem teve acesso ao contrato público nº 368/2025, firmado entre o Município de Chapadão do Sul e a empresa Salvador Produções Artísticas e Entretenimentos Ltda., assinado em 24/09/2025 e publicado no portal oficial da Prefeitura. O texto respeita os princípios da liberdade de imprensa e do direito à informação, sem emitir juízo de valor sobre as intenções da administração pública.

Fonte: MS Todo Dia

Foto: Alef Fera

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