Com foco na preservação do meio ambiente, produtores apostam em carne pantaneira sustentável

Associação reúne mais de 100 produtores envolvidos na proteção do bioma

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A busca por alternativas para que, cada vez mais, as ações da sociedade sejam feitas de forma que preserve o meio ambiente, é o intuito de muitos que se preocupam com as próximas gerações. Pensando nisso, um grupo de produtores de Mato Grosso do Sul tem focado o trabalho na produção da carne sustentável.

São 140 associados, atualmente, da ABPO (Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável), criada em 2001, por pecuaristas brasileiros da região do Pantanal. Até o momento, já são 1,5 milhão de hectares desta área certificada. 

“A produção desta carne é feita conforme o tradicional, mas com a adoção de novas tecnologias sustentáveis, então toda nossa carne é controlada, e os animais são rastreados, com controle de origem”, explicou o diretor executivo da ABPO, Silvio Balduíno.

Com relação à alimentação do rebanho, é o mais natural possível, onde os animais são alimentados em pastagens nativas. “Temos uma grande variedade de pastagens, mais de 200 tipos de forrageiras, e leguminosas nativas, o que confere um sabor especial para nossa carne”, afirmou o diretor.

Toda a produção da carne sustentável é certificada, e atende todos os critérios sociais, econômicos e ambientais. “O pantanal tem quase 300 anos de atividade pecuária, que é a principal atividade econômica do bioma, e ele tem hoje, mais de 85% da vegetação nativa absolutamente preservada, então o pantanal, apesar de 300 anos de atividade econômica, ele se mantém como bioma mais preservado do Brasil, ainda, e isso temos que preservar. É por mim, por todos nós e principalmente pelas próximas gerações”.

Ainda segundo a ABPO, no frigorífico, o abate desse gado é feito separadamente, sem nenhum contato com bois criados de maneira convencional. Já nas prateleiras dos supermercados, a carne é identificada com um selo que marca sua origem, deixando claro que causou o mínimo impacto possível à natureza.

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Fotos: Divulgação / ABPO

Custos - Com relação aos custos, a informação repassada pela associação, é que os produtores buscam otimizar o máximo para o bolso do consumidor. Para isso, eles procuram sempre boas práticas que garantam a melhor eficiência no uso dos recursos.

“A gente busca agregar o menor custo possível para que essa carne chegue da forma mais acessível ao consumidor final. Agora, existem valores agregados, que diferenciam da produção convencional, porque a gente está falando de produção certificada, então o próprio processo de certificação acaba embutindo custos adicionais que a pecuária convencional não tem”, explicou Balduíno. 

O diretor da ABPO concluiu dizendo que a carne sustentável é livre de resíduo. É uma carne o mais natural possível. “Leva com ela agregado, a conservação do pantanal, o desenvolvimento da cultura pantaneira e o social do pantanal. Tem toda uma história de 300 anos de ocupação, com todas as dificuldades que o bioma apresentou, e o pantaneiro teve habilidade e desenvolveu sistema de produção, respeitando o meio ambiente, mas com práticas ligadas a produtividade, para levar um produto com menor valor à mesa da população”.

Pecuarista se diz satisfeito com a prática

O pecuarista Leonardo Leite de Barros, um dos associados da ABPO, demonstra sua satisfação em ser uma dos produtores da carne sustentável. Ele conta que esta produção é totalmente certificada e segue protocolo da Carne Sustentável do Pantanal, criado pela ABPO e depositado na CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). 

“São animais, obrigatoriamente nascidos no Pantanal, e se alimentam das pastagens nativas do bioma. As características da produção pantaneira tradicional, a cultura do homem pantaneiro, a forma livre como criamos nossos animais, nossas águas salobras, e a diversidade de pastagens nativas do Pantanal, conferem particularidades únicas às carnes sustentáveis”, relatou Leite, com sorriso no rosto.

O produtor ainda enfatiza que a atividade pecuária no Pantanal teve início há anos, se desenvolveu criando processos produtivos que se mostraram amigáveis ao meio ambiente. “O homem pantaneiro, sua cultura, nossos bovinos, fauna e flora, tudo junto e misturado compõe esse brejo em uma relação de amor sustentável”, finalizou o pecuarista. 

Quem também apoia e acompanha a produção da carne sustentável, é a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul). De acordo com a federação, hoje, são cerca de 213 fazendas envolvidas nesta produção, por meio da ABPO. 

E nos últimos anos, teve um aumento considerável de interessados na prática, segundo a Famasul, por meio do consultor técnico, Gabriel Mambula. “De 2021 para 2022 dobrou-se o número de propriedades cadastradas, e todas com certificação na produção”.
Com relação ao mercado, a Embrapa Pantanal e Embrapa Gado de Corte, informaram que em apenas três anos, de 2013 a 2016, foi registrado aumento acima de 200% no número de animais e na quantidade de carne proveniente dessa cadeia. 

Trazendo dados mais recentes, em 2022 a produção de carne bovina sustentável no Pantanal do Mato Grosso do Sul praticamente dobrou, com a destinação de 78.337 cabeças de gado para o abate em frigoríficos. O número é 87% maior que o de 2021, quando foram abatidos 41.769 animais, demonstrando aumento de demanda do produto pelos consumidores.

Adeptos a esta técnica recebem incentivo fiscal do governo de MS 

O governo do Estado, ainda na gestão do então governador Reinaldo Azambuja, criou, em 2019, o Programa “Carne Sustentável e Orgânica do Pantanal”, por meio da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), hoje Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), sob o mesmo comando do secretário Jaime Verruck, agora com o executivo comandado por Eduardo Riedel.

Para o governador Eduardo Riedel, este é um dos programas que ele quer dar continuidade e aprimorar. “Com o objetivo de nos colocar na dianteira da corrida pela certificação de Carbono Neutro até 2030, esta é uma das ações que queremos aperfeiçoar. São políticas que unem preservação e desenvolvimento, e que colocam o Mato Grosso do Sul em uma posição de destaque para investidores que, cada vez mais, percebem a importância de aliar estas duas pontas em prol de um futuro sustentável e rentável”, concluiu.

De acordo com Verruck, este é um programa de incentivo fiscal que “estimula a produção sustentável, melhora a remuneração do produtor pantaneiro e nos auxilia a divulgar uma marca e uma carne sul-mato-grossense de qualidade em nível nacional e internacional. Tudo isso proporciona um produto final saudável, obtido com responsabilidade social e ambiental e com uma certificação que o identifica como sustentável e orgânico”.

O secretário reiterou o compromisso do Governo Riedel em apoiar a produção com desenvolvimento e sustentabilidade. “As políticas públicas estão ordenadas para que a pecuária seja sustentável, tecnológica e que tenha investimento”, concluiu.

Nesta esteira, o executivo tem debatido e vai enviar para o legislativo estadual, a 1ª Lei do Pantanal, que tem como intuito fixar novas regras de exploração econômica sustentável do Pantanal.


Fonte: Mariana Anjos 

Fotos: Divulgação / ABPO

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