Ônibus escolar pega fogo em Costa Rica e pais denunciam ferrugem e chuva entrando nos veículos

Problemas vão de cintos inutilizáveis a entrada de água durante chuvas, além de bancos sujos e estruturas enferrujadas; Secretaria de Educação nega irregularidades

Imagem de compartilhamento para o artigo Ônibus escolar pega fogo em Costa Rica e pais denunciam ferrugem e chuva entrando nos veículos da MS Todo dia

Compartilhe:

Ícone Compartilhar no Whatsapp Ícone Compartilhar no Twitter Ícone Compartilhar por e-mail

Ônibus escolar que transportava alunos da zona rural de Costa Rica pegou fogo na manhã desta quinta-feira (30), na estrada da fazenda Pérola do Planalto. O problema ocorreu na linha do Paulo Andrade e é apenas a ponta do iceberg de uma série de denúncias realizadas pelos pais de estudantes.

Com fiação danificada, o ônibus teve uma pane elétrica e logo as chamas se alastraram. O motorista tentou abrir a porta, mas ela ficou trancada e um adolescente conseguiu abrir uma janela que não estava travada. O mais velho desceu primeiro e ajudou no resgate dos menores, que eram içados ao lado de fora pelo motorista.

Por sorte, poucos estudantes estavam no veículo e o profissional conseguiu conter as chamas, sendo que não houve feridos. No entanto, várias crianças ficaram sem aula e os pais denunciaram que a situação já havia sido informada à Secretaria de Educação do município, sem que houvesse providências.

Mãe de um adolescente de 15 anos que estuda na escola Francisco Martins Carrijo relata parte do drama diário dos alunos. “O ônibus está quebrando direto, o ano inteiro foi assim. Todos os pais reclamam na secretaria, eles falam que vão ver e nunca dão um jeito. Quando troca, põe um ônibus pior”.

Segundo ela, a ventilação é inadequada e o veículo fica sempre tomado pela poeira. “As crianças chegam todas sujas na escola. Você tem que ver a cor da mochila deles. Além disso, quando chove, entra água no ônibus e fica molhando os bancos das crianças e hoje aconteceu um fato mais grave”.

O incêndio foi o ápice dos riscos de vida enfrentados pelos jovens. “Podia ter agravado ainda mais porque a porta do ônibus não abriu e as crianças saíram pela janela. Olha a altura do ônibus, pensou se uma criança quebra um braço ou machuca, dependendo do jeito que cai? Sabemos a hora que vai sair de casa, mas não sabe se vai chegar bem por causa do ônibus com essa situação precária”.

Mãe de dois alunos, de 8 e 19 anos, que preferiu não se identificar por medo de represálias, destaca que o cinto não funciona adequadamente. Reclamação semelhante à de outra mãe, de um adolescente de 16 anos que frequenta a Escola Estadual Santos Dumont.

“Tem lugar no ônibus que é amarrado de arame. O cinto tem, mas está todo danificado. A lataria embaixo tem danificação. Eles chegam aqui sujos, sujos, sujos. Eu sei que é estrada de terra, que é fazenda, mas é sem condições. Os bancos ficam todos vermelhos de terra”, destaca.

Maria Lucia, mãe de crianças de 6 e 10 anos, que estudam na escola Fabio Rodrigues Barbosa, aponta problemas de saúde decorrentes do transporte precário, sem condicionamento térmico adequado. “Eles geralmente estão todos gripados, são raras crianças do ônibus que não estão gripadas, quando não dá pneumonia. Praticamente uma ou duas vezes na semana, o ônibus deles quebra e eles ficam três, quatro horas, até cinco dentro do ônibus esperando para vir embora”.

Ela também destaca casos de superlotação. “Sem contar que tem vezes que eles mandam um ônibus menor quando o maior dá problema. Chega ter que sentar três crianças em um banco porque não tem espaço para as outras crianças sentarem. Então eles têm que se apertar para caber todo mundo”.

Pai de um menino de 13 anos que frequenta a mesma escola reforça a situação. “Essa tragédia hoje de pegar fogo, dos males o menor que não tivemos vítima, ninguém se machucou, mas eu ando muito indignado. Esse ônibus já quebrou umas duas vezes. Essa semana mesmo, ele quebrou ali perto da Indaiá, ficou umas duas horas paradas ali, menino sem comer, sem água. Eu não sei onde é que vamos parar”.

Maria Aparecida, mãe de uma estudante de 15 anos que frequenta a escola José Ferreira da Costa, aponta que a filha perdeu uma prova por conta do incêndio hoje. “Nós ficamos muito preocupados porque deixamos as nossas crianças e não sabemos como que vai chegar em casa, se vai ter que ficar no meio do caminho. Essa semana já aconteceu de pais terem que ir até o ônibus pegar a criança porque estava estragado desde às 11h30”.

Secretaria de Educação nega irregularidades

Procurada pela reportagem, a secretária municipal de Educação, Maria Almeida, disse que o incêndio foi um problema pontual e que a frota está em boas condições de atender as crianças.

“Hoje o que aconteceu foi uma falha na parte elétrica, mas é um ônibus novo que deu problema, que travou a porta, mas isso acontece com qualquer carro. É um ônibus bem conservado, novo, que aconteceu a pane, mas tem a revisão do Detran/MS duas vezes ao ano”, justifica.

Segundo ela, são cerca de 26 linhas atuando no município, entre zona urbana e rural, e não há problemas com os cintos de segurança. “Os cintos não utilizam porque as crianças são desobedientes, mas eles estão corretos até porque senão nem passa na vistoria”.

Sobre a climatização, Maria Almeida lamenta não poder controlar as situações adversas. “Poeira dentro de carro vai existir, pois as vias da zona rural não são asfaltadas, então qualquer ônibus entra poeira. Agora de chuva, quando um ônibus vai para revisão de alguma parte mecânica, usamos os reservas, mais antigos, mas a nossa frota tem três anos e pouco e sempre estamos fazendo aquisição de veículos novos”.

A secretária também nega a superlotação, destacando que os ônibus reservas são escolhidos com espaço proporcional ao número de alunos que realizam a rota em questão. Em relação ao veículo que pegou fogo, ela enviou a documentação mostrando que o ônibus é do ano de 2014.

(Fontes, fotos e vídeos: MS Todo Dia)

Imagem a4c50bcd-4e07-433a-9bc7-967e7ccb4666 Imagem page

Você também pode gostar de ler